Fui convidado para ministrar em um evento de uma igreja na cidade de Cachoeirinha/RS. Uma igreja das tantas igrejas Assembléias de Deus de Deus que campeiam nesta cidade. Algo incrível, nunca vi uma cidade assim, como pode uma cidade possuir tantas igrejas com o nome “assembléia”.
Isto faz aproximadamente, não muito exatamente, ou talvez, ainda não sei a data correta ou exata, cerca de mais ou menos. Recentemente havia mudado para Porto Alegre/RS, vindo do interior.
Havia vários convidados para cooperarem no evento, tais como pregadores, profetas, levitas, cantores, ministros do evangelho, conferencistas, príncipes dos profetas, reverendos, técnicos em escatologia, bacharéis em teologia, deão da trindade, conselheiros matrimoniais, conselheiros espirituais, técnicos em demoniologia, especialistas em trindade, técnicos em Nova Era, ex feiticeiros/macumbeiros, e eteceteras e tais, e todas as novidades que surgem cada dia no meio religioso.
Fui convidado para encerrar o evento. O mesmo durara muitos dias, e a minha cooperação seria no domingo final.
Muita gente mesmo! Não havia espaço para entrar, sentar ao púlpito. Depois entendi, estava ali a cantora. Muito conhecida no meio evangélico.
Como era uma “assembléia”, não lembro a denominação, o culto iniciou no horário exato.
Como era uma “assembléia”, na qual repito que ainda não sei que ramo pertencia, o culto iniciou com um hino da Harpa Cristã.
Como era uma “assembléia”, na qual desconheço a denominação, procurei chegar minutos antes do inicio da reunião.
Como era uma “assembléia”, na qual não tenho culpa de não poder ler o nome na placa devido ao nervosismo, o pastor atrasou, não podendo chegar no horário.
Como era uma “assembléia”, o dirigente discutia com outro obreiro se já dava ou não a oportunidade a cantora antes da apresentação dos visitantes, tendo em vista o horário já avançado, e o Pastor não havia chegado...
Como era uma “assembléia”, e todos que a conhecem sabem que se não for realizada a apresentação dos visitantes o culto não está completa.
Culto que é culto tem que haver a apresentação dos visitantes! Se não houver, é um sacrilégio, reza a Costituição Magna assembleiana. Já assisti esta disciplina em Seminários, da “assembléia”, que trata somente da “arte de como apresentar bem um visitante”. Eu fiz essa disciplina. Meu pai foi pastor Vice-Presidente da “Assembléia” de Deus do campo de Santo Augusto/RS, o qual abrangia na época, as cidades de Redentora, Erval Seco, Chiapetta, é esse o nome mesmo, Chiapetta, que na verdade se diz “quiapetta”. Nas reuniões para obreiros, meu pai ensinava que obreiro bom, se conhece ao longe. Ganhador de almas se conhece na apresentação dos visitantes. Na escola assembleiana somente é reprovado se não sabe apresentar um visitante.
E eu fui. Fui sim. Fui reprovado! Sem mentira alguma. Falo isso com toda a seriedade que permeia este blog. Eu carrego um trauma da infância ministerial, pois em um culto, o da quinta feira, fui escalado para dirigir justamente quando estávamos recebendo a visita de um conjunto, bem conhecido. Já era 08.30h, e devido ao nervosismo, e esperando a ordem do “Superior”, que ainda não me autorizara ainda não havia dado a oportunidade para o conjunto. Esperava a ordem. Foi quando então chegou o “superior do superior” e no meu ouvido disse bem alto: “Já são quase nove e ainda não fizeram a apresentação?" Aquele culto foi marcante, de muita “glória e fogo”, mas, eu não esquecia da frase do superior do superior. Até hoje ainda não vejo com bons olhos a apresentação de visitantes.
Na época não era Auxiliar/Diácono, ou Candidato a Auxiliar, ou a qualquer cargo.
Enquanto o dirigente e o outro obreiro dirimiam aos sussurros, se davam ou não oportunidade para a cantora eu pensava: como é importante a apresentação dos visitantes naquela “assembléia”.
O culto prosseguiu sem a apresentação dos visitantes, e a cantora cantou, sapateou, e como dizem por ai, foi um “fogaréu”. E foi mesmo. Jesus usou muito ela naquela noite.
Estava chegando a hora de eu ministrar e:
Como era uma “assembléia”, pediu a todos que se colocassem em pé.
Como era uma “assembléia”, pediu que um obreiro orasse pelo pregador.
Neste instante o pastor adentra ao recinto.
Como era uma “assembléia”, havia uma pequena porta lateral.
Como era uma “assembléia”, a pequena porta lateral ficava próximo ao púlpito.
Como era uma “assembléia”, havia uma pequena escada que dava acesso ao púlpito.
Como era uma “assembléia”, o pastor carregava uma maleta executiva em couro de jacaré, cobra ou de etecetera e tal.
Como era uma “assembléia”, a maleta do pastor possuía fechaduras cromadas em ouro com segredos.
Como era uma “assembléia” o dirigente tinha que passar a direção dos trabalhos para o Pastor.
E para isso, ordenou que todos assentassem novamente.
Como era uma “assembléia”, o Pastor explicou pormenorizadamente o todos o seu atraso.
Como era uma “assembléia”, passaram ao pastor um pedaço de papel rasgado, em folha de caderno.
Como era uma “assembléia”, o pastor tinha que ler e apresentar para todos a listagem com o nome dos visitantes, os quais eram eu e a cantora.
Ele disse:
A nosso convite está o pregador, Natanael de Mattos e sua esposa e falou o nome da Cantora! Peço que levantem-se em pé!
Toda a igreja caiu na gargalhada, e o rosto do Pastor avermelhou-se. Alguns obreiros disseram gritando. “Eles não são casados”! Outro disse: “ele é solteiro”!
Como era uma “assembléia”, uma irmã que prezava pela verdade gritou do meio da nave da igreja: “ Ela é casada, mas ele é solteiro!”
O riso foi mais geral ainda.
O pastor percebeu no que havia se metido, mas ele era muito experto.
O Pastor, todo envergonhado, bem mais do que quando se desmanchou todo em explicações para o seu atraso, procurava algo em sua mente para sair do embaraço. Mas ele era muito inteligente. Era um "vivaldino", como diria minha mãe.
Percebendo que a situação estava complicada para o pastor, eu que já estava em pé, ao seu lado, tentei ajuda-lo a sair da situação. Ele era muito inteligente, mas eu não, mesmo assim, procurei ajuda-lo, sorri e disse:
Eu sou solteiro hoje, mas não quero continuar, e encaro isso quase que como uma profecia. Sendo muito cortez, disse isso sorrindo, em voz baixa. Mas ele era muito experto e procurava algo para sair do embaraço. E achou!
Foi quando eu abri minha boca tentando ajuda-lo a sair do embaraço.
E disse:
Sabe o que ele me disse aqui? Agora? Que é solteiro, e que quer casar gente! Não vê a hora de casar!
Todos riram. Até eu tive que forçar um sorriso, vermelho de vergonha.
Ele muito experto, continuou:
“Se você quer casar, ore muito! Tem que orar! Aqui em mando as “gurias” orar muito”. Não é qualquer pregadorzinho com gelzinho no cabelo, empiriquitadinho, todo de terninho que vai mandá aqui no meu campo! Aqui não! E falava para mim apontando o dedo"! então, para encerrar o assunto, contou que realizou um casamento engraçado, e saiu-se do embaraço.
Eu todo vermelho, embaraçado para pregar!
Muito, mas, muito experto mesmo aquele pastor!
Todos riam sem parar.
Eu estava em pé, pois ele ao se desembaraçar da situação, não me deixou sentar.
E eu?
Pregar o que?
Para me ajudar ainda, ele me passou o microfone e assentou-se sorrindo para um obreiro.
E Eu vermelho de raiva, sentia-se traído pelo pastor que tentei ajudar.
Para me ajudar ainda, estava em uma “assembléia”, e é obrigatório dizer que sente imensa satisfação de conhecer o pastor. aquelas frases que todos os itinerantes falam no inicio da prédica.
E eu, já não sentia tanta satisfação assim.
Para me ajudar ainda, após a tradicional saudação, inicio a pregação, e uma criança caiu desmaiada. Em questão de segundos a criança não respirava, e foi adquirindo uma cor escura.
E eu? Parei de pregar.
A mãe começa a chorar, e toma a criança em seus braços, e vem pelo corredor com a criança nos braços gritando e pedindo que eu orasse urgente, e veio até o púlpito.
E eu, pedi a todos que se levantassem e clamamos ali mesmo.
Para me ajudar ainda, sou sincero, a oração daquele momento não estava dando certo, mas mesmo assim continuávamos orando.
E eu, de quando em vez, abria um olho para ver como estava a criança.
Para me ajudar ainda, como não estava funcionando a oração, no momento, a criança piorava, cada vez ficava mais escura.
E eu orava.
Para me ajudar ainda, o pastor gritou a todos: Tem que levar a criança para o hospital! Eu vou levar no meu carro! Venha!
E eu parei de orar, com vergonha.
Havia muitos carros ali, e o carro do pastor estava obstruído em frente a igreja.
Mesmo assim, devido ao fiasco ele queria era sair correndo daquele culto. E conseguiu o intento.
Ele só não obteve êxito, porque ao sair com seu carro, levou junto o paralama dianteiro do fusca ano 79 do diácono escalado para me levar para casa após o culto. Ao sair em alta velocidade do estacionamento da igreja o pastor bateu seu carro no fusca.
“Que culto trevão!” Disse-me o Diácono enquanto nos dirigíamos para o seu fusca enquanto mastigava um baita cachorro quente, cheio de molho, muita batata palha, destes que somente se encontram na “assembléia”.
Por
Natanael de Mattos Lino
Natamattos8@hotmail.com
voce não gosta da assembleia ou é humorista
ResponderExcluirvoce não gosta da assembleia ou é humorista
ResponderExcluirPaz irmão!
ResponderExcluirVocê não entendeu.
Como falaria tão bem da Assembleia de Deus se não a conhecesse e fosse?
Meu pai foi pr.
Hoje, cuido de três Igrejas na cidade de Esteio/RS.
Não sou humorista, apenas uma descontraçãozinha.
abraço!
mas de qualquer forma valeu por